Por Vera Rigo

Por Vera Rigo
"Vamos viajar no mundo das histórias Infantis!"

sábado, 23 de maio de 2009

continuação do artigo...

Trabalhar com Literatura Infantil traz possibilidades efetivas de associar aspectos cognitivos e emocionais, tornando as linguagens múltiplas a ela ligadas experiências que permitem às crianças desenvolverem sua inteligência, criatividade e sociabilidade. Assim, ela contempla de forma plena os objetivos que a Educação Infantil propõe. Conhecendo toda essa potencialidade, considero urgente transformar isto em práticas que privilegiem a descontração, a alegria e o prazer.
A constante procura de novas informações sobre um tema de conhecida importância é fundamental para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico. Esta postura não deve ser diferente quando lidamos com a Literatura Infantil. Aprofundar o embasamento teórico permite ampliar a visão que se tem, descobrindo inúmeras possibilidades de novos temas, enfoques e aplicações. Também a segurança de poder experimentar novas técnicas e realizar uma avaliação qualificada das atividades que foram desenvolvidas é obtida através deste aprofundamento. Isto, por conseqüência, otimizará toda a ação educacional, conforme Kaercher (2001, p.82) destaca:... ... o que iremos ou não fazer com as nossas crianças – no que diz respeito ao trabalho com leitura e literatura – é, fundamentalmente, uma escolha teórica.Uma escolha que estará embasada no modo como concebemos o desenvolvimento da criança e na importância que damos à nossa ação pedagógica diária.
Seja qual for a freqüência com que as atividades de contação de histórias acontecem, uma preocupação para que estes momentos sejam significativos para as crianças e não apenas um “passatempo” ou um “tapa-buraco” na rotina. Atingir este objetivo relaciona-se, sim, com a freqüência, mas não apenas com ela. Como em outras situações (pedagógicas ou não), muitas vezes percebe-se que as professoras debatem-se quanto à dicotomia quantidade x qualidade, com prevalência da quantidade. Tal prevalência, de certa forma, retoma a questão anterior, já que os teóricos da Literatura Infantil preconizam o contato diário com os livros e com as histórias. Abramowicz e Wajskop (2001, p. 68) ilustram isto: O contato das crianças com os livros e as histórias são essenciais. A educadora pode contar e ler histórias. A educadora deve organizar estes momentos. Desde pequenas, as crianças devem ouvir histórias contadas e lidas, assim como devem ser incentivadas a manusear livros
Da mesma forma Kaercher (2001, p. 82-83) assegura:
Portanto, acredito que somente iremos formar crianças que gostem de ler e tenham uma relação prazerosa com a literatura se propiciarmos a elas, desde muito cedo, um contato freqüente e agradável com o objeto livro e com o ato de ouvir e contar histórias, em primeiro lugar e, após, com o conteúdo deste objeto, a história propriamente dita – com seus textos e ilustrações.Isso equivale dizer que tornar o livro parte integrante do dia-a-dia das nossas crianças é o primeiro passo para iniciarmos o processo de sua formação como leitores.
Contar histórias representa sempre um momento de muita criatividade, e esta é compartilhada entre a professora e as crianças que participam. O uso de recursos variados permite que esta cumplicidade criativa se evidencie, já que o contato e o manuseio destes recursos traz para o mundo concreto aquilo que estava antes apenas no imaginário da história. Os fantoches (recurso indicado como favorito entre as professoras) trazem ainda a possibilidade de incorporação de características e ações, não só dos personagens da história, mas também das crianças. Ao compreender estas possibilidades, a professora vai ampliando a diversidade de recursos utilizados e enriquecendo suas atividades. Coelho (2002, p. 46) lembra da importância de escolher adequadamente as técnicas e recursos:
... cada apresentação tem vantagens especiais, corresponde a determinados objetivos e saber escolher o recurso é fundamental. As formas de apresentação devem ser alternadas e definidas, dependendo do local e das circunstâncias.
Especificamente sobre fantoches e bonecos Rios (apud Barcellos e Neves, 1995, p. 65) observa:Construir e manipular bonecos são atividades que proporcionam grande prazer, além de serem fatores de desinibição, integração no grupo social e especificamente dentro da escola constituem estratégia eficaz para o desenvolvimento de habilidades e fixação de conhecimentos multidisciplinares.
O trabalho com a literatura infantil deve representar um desafio do qual todas as educadoras não devem se esquivar, mesmo que haja insegurança sobre como desenvolvê-lo. Este é um tema que pode muito bem ser trabalhado ao longo de todo o ano e de inúmeras discussões entre as professoras.Oliveira (1996, p. 27) , ao afirmar:A literatura infantil deveria estar presente na vida da criança como está o leite em sua mamadeira. Ambos contribuem para o seu desenvolvimento. Um, para o desenvolvimento biológico: outro, para o psicológico, nas suas dimensões afetivas e intelectuais.
A literatura infantil tem uma magia e um encantamento capazes de despertar no leitor todo um potencial criativo.É uma força capaz de transformar a realidade quando trabalhada adequadamente com o educando.
Pretendo, assim, continuar a refletir com vocês no sentido de cada vez mais precisamos compreender e utilizar esta importante dimensão que a literatura infantil traz para a Educação e colaborar neste processo sugerindo um aprofundamento sobre estas temáticas e compartilhar sugestões de livros, histórias e atividades, buscando aprofundar conhecimentos teóricos e traduzi-los em práticas e me disponibilizando para a realização de oficinas sobre literatura infantil em sua instituição . Da troca constante de experiências e da prática diária podem se desenvolver valiosas idéias que, com a participação e envolvimento das crianças e de seus responsáveis, incrementem a ação pedagógica e facilitem atingir as metas educacionais estabelecidas.
É fundamental que nós, educadoras, estejamos constantemente vinculadas à realidade que nos cerca e aos referenciais teóricos que nos auxiliam a interpretar e ressignificar tal realidade. A pesquisa é, assim, elemento necessário de um planejamento, pois promove a reflexão sobre a ação através destes referenciais.
Deixarei sugestões nas próximas postagens de atividades relacionadas a literatura infantil (técnicas,recursos etc) para vocês utilizarem em suas realidades que atuam!

Um grande abraço
Vera Rigo

REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e Bobices. 5 ed. São Paulo: Scipione, 2001.
ABRAMOWICZ, Anete; WAJSKOP, Gisela. Educação Infantil: Creches – Atividades para Crianças de Zero a Seis Anos. 2 ed. São Paulo: Moderna, 2001.
BARCELLOS, Gládis Maria Ferrão; NEVES, Iara Conceição Bitencourt. A Hora do Conto: da Fantasia ao Prazer de Ler. Porto Alegre: Sagra-Luzzatto, 1995.
COELHO, Betty. Contar Histórias: Uma Arte sem Idade. 10. ed. São Paulo: Ática, 2002.
KAERCHER, Gládis Elise. E Por Falar em Literatura… In: CRAIDY, Carmem; KAERCHER, Gládis. (org) Educação Infantil: Pra que te quero? Porto Alegre: ARTMED, 2001.
OLIVEIRA, Maria Alexandre de. Leitura Prazer: Interação Participativa da Criança com a Literatura Infantil na Escola. São Paulo: Paulinas, 1996.

(Parte de uma uma temática investigativa retirada dos relatórios de Estágios I e II- Educação Infantil/Anos Iniciais do curso de Pedagogia da Ulbra/Canoas-RS no ano de 2006/2007 e apresentado no Seminário Integrador para a conclusão das disciplinas.Hoje este artigo faz parte de um material de apoio ao Projeto "Era uma Vez...O Prazer de contar e ouvir histórias!")

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